sexta-feira, 6 de maio de 2011

Laranja

 










Ele só queria uma laranja.
Só uma laranja
Pra matar a vontade.


Em casa não tinha nada,
O café da manhã
Foi um copo com água.


Na rua da feira,
Na quarta feira,
Na barraca de frutas
Dirigiu se a dona.


-Tia da uma laranja!
-Vai trabalhar vagabundo, disse
a dona toda autoritária.


Ele abaixou a cabeça
saiu devagarzinho
e com a mão pequena
secou a lágrima no rosto.


Ele morava na favela,
na favela do sossego,
não tinha estudos, amigos
nem brinquedos.


Os pais trabalhavam na rua
Ambos puxavam carroça
Tentando sobreviver
nessa  cidade caótica.

 Minutos depois
na rua de cima
o garoto é morto
com uma bala perdida.


Morreu sem dever,
morreu sem comida,
morreu de raiva,
na rua de cima.


Pobre menino
o apelido era franja
morreu de vacilo
morreu de laranja.


A dona da barraca
ao saber da noticia
entra em choque
e não acredita.


Negou uma fruta
à uma pequena criança
que poderia estar ali
chupando a laranja.


Autor: Fuzzil
Poesia nova - 05/05/2011

Um comentário:

Rinaldo Brasil disse...

É, quantas crianças por aí...pedindo, implorando !!! Mas, onde é mesmo esse País ??? Acorda povão brasileiro...( nas ruas, nas favelas, nas escolas, nas esquinas da vida,...quando vai melhorar ??? ), Salve amigo LEVI-FUZZIL...Parabéns ! Bela poesia...é, criatividade...poética! ( ah se nossas crianças tivessem...um FUZZIL de imaginação...concentração...educação...ascensão pela vida que ainda cresce...) uma laranja...uma bala..." UMA VERGONHA ; POVO BRASILEIRO..." Tá surdo ???