quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A ÚLTIMA CHANCE


Eu queria por um dia pegar o meu melhor livro numa manhã de verão e subir ao alto de uma montanha onde ninguém pudesse me encontrar, e lá ouvir somente o canto dos pássaros, o zumbido dos gafanhotos, as folhas das palmeiras batendo umas nas outras.
Eu queria neste dia deitar sobre o gramado, embaixo da mais bela árvore, e do alto contemplar a beleza dos lagos com suas águas cristalinas que lá embaixo estarão.
Eu queria contemplar a delicadeza das borboletas com suas diversas cores a alegra-me ainda mais nesse dia sonhado.
Eu queria nesta minha manhã de verão, respirar o perfume dos eucaliptos, das rosas coloridas dos campos em que o homem não ousou destruir, e nesse momento somente meu, refletir sobre as bonitas palavras contidas no meu melhor livro. E ao anoitecer, sob a luz de uma noite de verão retornar ao meu lar e sentir que nem tudo o homem consegue dominar e ainda que consiga, resta-me a esperança dele aceitar e valorizar um de seus melhores presentes. Resta-me a esperança do ser humano, o sujeito dessa “quase” ilusão, ao olhar essa beleza transcendente, que é a essência da vida, sinta-se tocado para a restauração e perceba que nem tudo está perdido e que há uma última chance.

(Cristina Rodrigues)
Janeiro/2008

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